terça-feira, 30 de novembro de 2010

Saudade

Na quarta feira passada perdi o meu melhor amigo. Andávamos juntos há 24 anos. Difícil dizer uma semana em que não tivéssemos nos visto nestes anos. Falávamos quase todos os dias. Durante os jogos de futebol, a cada gol que nossos times faziam ou levavam ligávamos um para o outro para comentar. Eu dormia na casa dele quase todos os finais de semana. A mãe dele carinhosamente me chama de “meu filho bastardo” ou “o filho do meu adultério” e eu quase perdi a minha quando tive que contar a ela o que aconteceu. Tenho seus irmãos como meus e tenho um grande respeito e carinho pelo pai dele.
Ele sempre foi muito carinhoso com todas as pessoas. Dono de uma educação de causar inveja a um bronco como eu, sempre tinha um abraço e um beijo a dedicar às pessoas. Nunca nesses anos o vi levantar a voz.
Os homens em geral não gostam de usar esta expressão, mas eu não tenho medo nenhum de dizer que nos amávamos. Nossa relação sempre foi de respeito, carinho, fidelidade e companheirismo. Lembro-me de uma noite após um porre fenomenal no Hermes Bar em que dormimos na mesma cama de mãos dadas.
Amocei com ele na terça e me lembro que ao me despedir olhei para ele pelo vidro do carro e disse: “te ligo amanha”. A próxima vez que o vi foi pelo vidro de um caixão. Nunca brigamos, por motivo algum e tenho certeza que estávamos muito bem ao acontecer o que aconteceu. Estávamos e estamos em paz.
Digo isso pra dizer a vocês que evitem passar muito tempo mal com alguém. Não é preciso ficar lambendo pessoas que você não gosta, pois é natural que não tenhamos simpatia por todo mundo, mas não precisamos deixar coisas pendentes. Se você ama alguém, diga isso a ele, se você ofendeu alguém, resolva isso, não fique com pendências, pois a qualquer momento, sem que esperemos a vida pode nos tirar alguém.
Não vou ser hipócrita em dizer que acho que o verei de novo, pois quem me conhece sabe que não acredito nisso. Não sei nem imagino o que acontece depois que morremos, então continuarei vivendo minha vida, sentindo uma grande falta que nunca mais será sanada, mas isso acontece.
Adeus amigo. Sempre te amei e sempre te amarei.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dor

Acabei de enterrar o meu melhor amigo.
Dor pouca é bobagem.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Panis et circencis

Ontem uma amiga da minha mãe passou mal e tivemos que leva-la a um posto de atendimento da nossa cidade (o único). Chegando lá encontramos mais ou menos 50 pessoas, de todas as idades aguardando serem atendidas. Pessoas com todos os tipos de males, desde pressão alta até gente machucada. Minha cidade (pinhais - PR) tem mais ou menos 130 mil habitantes e é, segundo uma reportagem da revista Veja, uma das 20 maiores em crescimento de arrecadação nos últimos anos, e no único posto de atendimento da cidade tem um médico.
Todo mundo tem escutado falar sobre as reformas ou construções para a Copa do Mundo de 2014. Vemos estados como o Ceará que investirá perto de 500 milhões de reais para a reforma do Castelão. Em Manaus, Cuiabá e Brasília serão construídos estádios mais ou menos neste valor, que após a copa não serão usados, pois estas cidades não tem times de futebol. Aqui em Curitiba, onde o estádio usado será privado, a prefeitura e o estado deram um jeitinho para que o BNDES (dinheiro público) emprestasse dinheiro para o Atlético Paranaense reformar a Arena. O governo federal deu também um jeito para o Corinthians contruir seu estádio. Claro que não tem nada a ver com o fato do presidente ser corintiano.
Conclusão: o povo pode morrer nos postos de atendimento sem atendimento contanto que tenhamos uma bela copa do mundo.
Pobre povo. E garanto que lá naquele postinho, com dores, com gente amada sofrendo, ainda tem gente que acha lindo ter uma copa aqui.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Liberta.

Quero lembrar aos postulantes à uma vaga na Libertadores que lutem para chegar entre os três primeiros do Brasileirão pois um certo time de verde da capital paulista vai roubar a vaga do quarto colocado sendo campeão da Sulamericana.
Adivinhem quem...

Policia para quem precisa.

Essa me foi contada pelo meu melhor amigo, uma pessoa de confiança.
Um cidadão aqui de Curitiba teve sua casa arrombada e foi roubado em diversos itens de seu patrimônio. Como era de se esperar chamou a polícia que foi até lá. Em determinado momento ele perguntou aos policiais presentes se eles não iriam procurar impressões digitais para tentar identificar os ladrões, quando recebeu de um dos agentes da lei a singela resposta:
"- Voce está achando que isso aqui é o CSI?"

Durma-se com um barulho destes.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Privatizações

Nas últimas eleições para presidente um dos assuntos mais tocados nos debates foi o da privatização. O partido da situação dizia que a oposição, se eleita, iria começar uma onda de privatizações que acabaria "levando o Brasil à ruína".
Segundo dados estatísticos, exitem no Brasil cerca de 135 milhões de eleitores. Eu pergunto: num país onde 75% da população que declara saber ler e escrever é considerada analfabeto funcional (ou seja, sabe ler e escrever, porém não tem capacidade de interpretar um texto simples) quantos destes 135 milhões de eleitores sabe o que é privatização? E os que sabem, tem realmentes idéia se isso é bom ou ruim?
Em 1998 participei como funcionário da Ferrovia Sul Atlântico (hoje ALL - América Latina Logística) da transição da Antiga SR6 da RFFSA para a FSA. Na época perto de 50% da locomotivas da RFFSA estavam paradas. No período de um ano colocamos todas para funcionar. Em menos de dois anos a empresa já estava quebrando recordes de transporte ferroviário no Brasil. Em cinco anos adquiriu parte da Fepasa e mais duas ferrovias na Argentina, chegando hoje até o Chile.Hoje a ALL é a maior ferrovia da América Latina e recolhe com certeza milhões de reais aos cofres públicos em impostos.
Outro exemplo é a Vale, que depois de privatizada se transformou na maior mineradora do mundo, também contribuíndo para o crescimento do país com empregos e recolhimento de impostos.
Agora falemos de telefonia. Há 12 anos fiquei 2 anos na fila para conseguir um telefone residencial. Hoje eles são instalados em 2 dias. Naquela época só pessoas mais abastadas poderiam ter celular. Hoje conseguimos falar horas por tarifas a partir de 50 reais, inclusive interurbano. Um estudo feito mostra que se não tivesse havido a privatização do setor hoje a fila para aquisição de um telefone fixo em São Paulo seria de 9 anos. E uma pergunta: será que se não tivesse havido a privatização da telefonia o patrimônio do filho do atual presidente seria tão grande? Quando interessa a eles, é um bom negócio.
É claro que o atual governo não quer privatizações, pois onde ele vai empregar os apaniguados do partido? Como ele vai aparelhar o estado sem mandar nas maiores empresas do país?
Realmente, a privatização é um perigo para o país...